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Escolha entre tijolo ou bloco RT 2020

A entrada em vigor do RE 2020 agita as práticas dos artesãos e mestres de obras, impondo critérios rigorosos sobre a pegada de carbono e o consumo energético das novas construções. Entre o tijolo, valorizado pela sua inércia térmica e qualidades isolantes, e o bloco, apreciado pela simplicidade de aplicação e custo reduzido, a escolha é agora feita sob a ótica das exigências ambientais e da durabilidade dos materiais. Nesse contexto, a seleção dos materiais influencia diretamente o desempenho energético do edifício, ao mesmo tempo que afeta seu ciclo de vida ambiental. O desafio para os profissionais é combinar regulamentações, restrições orçamentárias e eficiência térmica para cada projeto.

Os objetivos estabelecidos pelo RT 2020

Substituindo o RT 2012, o RT 2020 pretende reduzir o impacto ambiental das novas construções, ao mesmo tempo que aumenta sua eficiência energética.

Ela articula suas exigências em torno de três eixos:

  • Reduzir a pegada de carbono global das construções
  • Reduzir o consumo de energia primária ao longo do ciclo de vida
  • Garantir um conforto térmico durante o verão

A regulamentação introduz o indicador Ic para avaliar as emissões de CO₂ do edifício, com um limite fixado em 4 kg CO₂/m²/ano, além de exigir a redução em quatro vezes do consumo de energia primária.

A influência dos materiais no desempenho ambiental

Os materiais utilizados condicionam as necessidades de aquecimento ou climatização e contribuem para a limitação das pontes térmicas.

A escolha impacta também a pegada de carbono relacionada com a construção e funcionamento do edifício. Utilizar materiais de baixa emissão e que possuem boa inércia contribui para otimizar o conforto térmico, ao mesmo tempo que favorece uma melhor durabilidade.

O que o tijolo oferece numa construção RT 2020

O tijolo se apresenta em diferentes formas para atender às necessidades da nova construção:

  • Tijolo de barro cozido: resistente, isolante e durável
  • Tijolo monomuro: alveolar, oferece uma isolação integrada de qualidade
  • Tijolo oco: leve, reforça a isolação térmica graças aos seus alvéolos

Essas variantes permitem adaptar a escolha conforme as restrições do projeto, ao mesmo tempo que atendem aos padrões impostos pela regulamentação.

Com uma condutividade térmica entre 0,1 e 0,7 W/m.K, o tijolo se posiciona como um material eficiente para limitar as perdas térmicas.

Os tijolos monomuro alcançam um valor de R até 1,5 m².K/W, permitindo uma excelente resistência térmica sem a necessidade de um isolante maciço. Os tijolos ocos de 15 cm também promovem a inércia térmica graças aos seus alvéolos, garantindo estabilidade das temperaturas internas.

Saiba que existe um tijolo de barro cozido com isolação integrada que aumenta então a isolação do material.

O que o bloco traz numa construção RT 2020

O bloco, ou bloco de concreto oco, se destaca pela sua facilidade de instalação e robustez mecânica. Seu custo moderado o torna atraente para projetos que necessitam controle orçamentário.

Com uma condutividade térmica geralmente mais alta que o tijolo, necessita da integração de isolantes eficazes para respeitar os limites impostos pelo RE 2020.

O bloco permanece compatível com o RE 2020 utilizando:

  • Blocos integrando um isolante eficaz (poliestireno, lã mineral)
  • Isolação térmica pelo exterior ou interior
  • Construtores de baixo concreto carbono para limitar a pegada ambiental

Essas soluções permitem manter a conformidade ao usar o bloco nos canteiros de obra.

Comparar tijolo e bloco sob RT 2020

A tabela abaixo sintetiza os elementos para orientar a escolha entre esses dois materiais:

Critérios Tijolo Bloco
Condutividade térmica 0,1 a 0,7 W/m.K 0,8 a 1,2 W/m.K
Resistência térmica Até 1,5 m².K/W Até 0,9 m².K/W (com ITE)
Isolação acústica Boa Média
Durabilidade Alta Média a alta
Facilidade de aplicação Média Alta
Custo Mais elevado Menos elevado
Pegada de carbono Baixa a moderada Moderada a alta

O tijolo exibe um melhor desempenho térmico e uma pegada de carbono mais baixa, enquanto o bloco mantém uma vantagem na rapidez de aplicação e no custo, sob a condição de reforçar a envolvente isolante para atender aos limites do RT 2020.

Cada escolha deve ser feita tendo em conta as restrições do projeto e os desempenhos ambientais esperados.

Economias possíveis em 10 anos conforme o material escolhido

Para uma casa nova de 120 m² na Île-de-France sob RT 2020, a escolha dos materiais impacta diretamente a conta de aquecimento em dez anos.

O tijolo monomuro permite um consumo anual estimado em 3.500 kWh (735 €/ano), ou cerca de 1.500 € de economia em dez anos em relação ao bloco isolado clássico (4.200 kWh, 882 €/ano).

O bloco Airium, com isolação integrada, situa-se entre os dois, com 3.800 kWh (798 €/ano) e um ganho de cerca de 800 € em dez anos. Uma escolha ponderada desde a concepção otimiza o conforto térmico, reduz os custos e valoriza o desempenho ambiental do projeto, assegurando a conformidade com o RE 2020.

O preço de um muro em blocos clássicos vai variar em função de vários critérios, mas é preciso considerar entre 40€ e 60€ o m2.

Conselhos do especialista: otimizar a escolha entre tijolo e bloco numa construção RT 2020

Para tirar pleno proveito do RE 2020, é pertinente não raciocinar apenas no material bruto, mas sim num sistema construtivo global.

Por exemplo, associar o tijolo monomuro com um isolante natural à base de fibras de madeira ou celulose contribui para reforçar a inércia térmica ao mesmo tempo que melhora a permeabilidade ao vapor de água, elemento essencial para um conforto higrotérmico otimizado.

Assim, o uso de blocos isolantes com revestimento ventilado limita as sobrecargas térmicas de verão ao mesmo tempo que assegura um bom coeficiente de transmissão superficial.

Os artesãos da Maisons Passives France e os especialistas da ADEME recomendam realizar um cálculo preciso do indicador Bbio desde a fase de concepção, integrando a orientação do edifício, o fator solar das vidraças e o desfasamento térmico oferecido pelos materiais, e não apenas a resistência térmica estática.

As configurações mistas (paredes de tijolo para as fachadas expostas ao norte e leste, paredes de bloco isolado ao sul e oeste) podem também representar um compromisso econômico e eficaz, ao mesmo tempo que atendem às expectativas estéticas dos clientes.

Conselho Prático

Antes de escolher entre tijolo e bloco, realize uma simulação térmica dinâmica (STD) em seu projeto através de um gabinete de estudos certificado (Promotélec, Effinergie).

Esta ferramenta permite avaliar o comportamento real do edifício face às variações de temperatura, aos ganhos solares e aos fenômenos de condensação, elementos indispensáveis para reduzir de forma sustentável os custos energéticos dos seus clientes, ao mesmo tempo que antecipa os desempenhos de verão exigidos pelo RE 2020.

Glossário

  • Desfasamento térmico: duração durante a qual um material atrasa a transferência de calor de um lado para o outro, contribuindo para o conforto de verão ao atrasar o calor.
  • Bbio (Necessidade Bioclimática): indicador do RE 2020 medindo a eficiência energética da concepção do edifício sem levar em conta os sistemas de aquecimento ou produção de energia.
  • Permeabilidade ao vapor de água: capacidade de um material para deixar passar o vapor de água, essencial para limitar a condensação nas paredes.
  • Simulação Térmica Dinâmica (STD): ferramenta de cálculo que permite simular hora a hora o comportamento térmico de um edifício em função dos ganhos solares, dos materiais e das condições climáticas.
  • Airium: tecnologia de concreto isolante vertido no local para preencher as alvéolas dos blocos de concreto para reforçar a isolação ao mesmo tempo que assegura a estanqueidade ao ar.

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